segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Industrialização Brasileira (1822-1985)

A geografia da indústria brasileira trata sobre o fenômeno industrialização no Brasil, processo este que se iniciou tardiamente, somente no final do século XIX, ou seja, quase duzentos anos depois que Reino Unido e mais de cem depois de EUA e Alemanha.
O fenômeno industrialização no Brasil amplificou ainda mais outro fenômeno, o da urbanização, que, devido à ausência de planejamento gerou uma série de problemas nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas regiões metropolitana de São Paulo e do Rio de Janeiro. Outro fato que colaborou para a geração de problemas nas grandes cidades brasileiras é a baixa qualificação da mão-de-obra, o que gerou um elevado desemprego estrutural, principalmente na década de 90 do século passado.
O fenômeno se divide em fases, desde a época do império ocorreram diversos surtos de industrialização, nesta postagem trataremos do fenômeno até o fim da década 1980.
Fase imperial – Nesta fase deu-se o advento da indústria brasileira, que foi impulsionada pelo fim do tráfico negreiro, que liberou capitais para o investimento no processo de industrialização. Além do que acabou por formar um incipiente mercado consumidor. O Estado manteve-se ausente deste processo, muito pelo contrário, acabou por atrapalhá-lo, principalmente no período regencial. Ficou circunscrito principalmente à cidade do Rio de Janeiro, antiga capital brasileira.
Fase da Nova República – Iniciou-se no final do século XIX e perdurou até 1929. Nesta fase a industrialização se manteve sob o domínio da iniciativa privada nacional, o Estado praticamente ausente na industrialização brasileira. Grandes empreendimentos estrangeiros quase inexistiam no Brasil, exceto as companhias de limpeza (Gary), de transportes (Bondes), e de energia (Light). A industrialização ainda era dependente, pois necessitava constantemente da importação de máquinas, produzindo apenas bens de consumo não-duráveis (têxtil e alimentícia principalmente). O capital disponível para esta fase teve origem na aristocracia cafeeira paulista, que abasteceu o nascente sistema bancário e financeiro brasileiro.
Era Vargas – Ocorrera entre 1930 e 1954, nesta fase o Estado passa a ser um importante ator no processo de industrialização brasileira, investindo massivamente, principalmente na indústria pesada. Nesta época surgem a FNM, Petrobras, Eletrobras, Furnas, CSN, dentre outras. Todas estas fábricas juntas forneceram condições para o surgimento de outras fábricas, todavia, a entrada de fábricas estrangeira foi muito reduzida, principalmente porque o mundo passava por uma profunda depressão econômica. Nesta fase o governo incentivou a substituição das importações, mas, a indústria brasileira manteve-se produzindo, sobretudo, bens não-duráveis. O governo Vargas incentivou ainda mais a concentração industrial na região Sudeste, principalmente em São Paulo e sua região metropolitana, assim como no Rio de Janeiro. O processo de favelização e periferização amplificou-se muito nas capitais paulistana e carioca.
Era JK – Nesta fase há uma expansão do modelo rodoviarista, fato que incentivou a entrada de empresas estrangeiras no Brasil. O desenvolvimentismo econômico que o Brasil viveu durante o mandato de JK priorizou o investimento nos setores de transportes e energia, na indústria de base(bens de consumos duráveis e não duráveis), na substituição de importações, destacando a ascensão da indústria automobilística, e na Educação. Para JK e seu governo, o Brasil iria diminuir a desigualdade social gerando riquezas e desenvolvendo a industrialização e consequentemente fortalecendo a economia. Sendo assim, estava lançado seu Plano de Metas: “o Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.
O processo de criação de rodovias ligou as regiões brasileiras, dando fim ao que era chamado de “Economia de Arquipélagos”. Isto ocasionou a falência de indústrias regionais, principalmente as da região Nordeste, o que favoreceu ainda mais o processo de migração interna no Brasil, principalmente dos nordestinos em direção ao Sudeste, sobretudo para São Paulo.
Fase Militar – Ocorreu entre 1964 e 1985, época em que os militares realizaram um golpe de Estado. A industrialização seguiu os mesmos moldes que o de JK, todavia, o capital estrangeiro ganhara muito mais incentivo do governo que o empresariado brasileiro, isto explica a falência de muitas delas. Nesta fase o Brasil atinge o posto de 8ª economia do mundo capitalista, mas, com o maior endividamento externo do mundo e a segunda pior distribuição de renda do mundo. Isto tudo ocorrera devido à política brasileira de incentivo à exportação (“Exportar é o que importa!”), que objetivava acumular saldos positivos na balança comercial, além disto, a desvalorização da moeda brasileira para facilitar a venda dos nossos produtos no exterior acabou por gerar inflação. A recomposição salarial da classe trabalhadora nunca acompanhou a inflação, este fato financiava o empresariado brasileiro, que passava por maus momentos devido ao sucateamento do parque industrial, o maquinário necessário não estava sendo mais importado, devido aos altos preços. Inicia-se um processo de desconcentração espacial da indústria brasileira na época, isto foi incentivado pelas mega-obras da época – construção das hidroelétricas de Tucuruí (na região Norte), Sobradinho e Paulo Afonso (no Nordeste) e Itaipu (na região Sul). A indústria de mineração foi o destaque dos militares, principalmente na região Norte, com os projetos de colonização, norteados pela filosofia “integrar para não entregar”, assim a Amazônia passa a fazer parte do espaço geográfico nacional.

Filmes recomendados para serem vistos: Terra em transe ou Rio, 40 graus.

link para baixar Rio, 40 graus:
http://www.monova.be/torrent/1333865/Rio_40_Graus_-_Nelson_Pereira_dos_Santos.html

Grande amplexo para todos!