segunda-feira, 26 de março de 2012

Economia atual

Economia e industrialização brasileira contemporânea
GOVERNO SARNEY

A partir da “redemocratização” brasileira em 1985 o panorama socioeconômico brasileiro alterou-se bastante. Primeiramente devemos citar o constante combate à inflação, melhor sucedido por uns, verdadeiro desastre para a grande maioria dos governantes. Em segundo lugar, outro dado não menos importante foi a modernização da economia brasileira como um todo, desde a sua produção, bem como as políticas macroeconômicas. Finalmente, talvez o fato mais marcante, as doutrinas econômicas adotadas pelos grupos que exerceram poder durante esta fase.

Plano Cruzado

O governo “democrático” de José Sarney praticamente fora uma continuidade do modelo adotado durante o período militar, tanto em nível de políticas sociais quanto políticas econômicas. Além do fato que o que o mesmo pertencia ao lado político que era comandado pelos generais, logo, o continuísmo se confirma.
Durante o seu mandato, políticas públicas de redução da desigualdade social (herança do período da ditadura) não foram nem o seu principal objetivo nem como meio, nem como fim em si mesmo. O Plano Cruzado fora a sua maior herança da época, todavia, com a ausência de planejamento de longo prazo, seu legado mostrou-se um verdadeiro fracasso. O plano pautava-se:
I. Troca da moeda nacional do cruzeiro pelo cruzado;
II. Congelamento de preços; e
III. Congelamento de salários.
O aumento inicial do salário mínimo de 16%, abono de 8% sobre a média do poder de compra das faixas salariais restantes, além da criação de uma data base de reajuste, aliados ao fato do estímulo ao crédito e do controle da taxa de câmbio, tudo se somou para um rápido crescimento do mercado consumidor brasileiro naquele momento.
O rápido aumento da demanda sem um conseqüente aumento de produtividade por parte da indústria, associado à especulação por parte dos comerciantes já acostumados com o processo inflacionário, somado à liquidez excessiva (excesso de dinheiro) causada pelo governo, ao imprimir mais dinheiro, devido às contas sucessivamente negativas, acabaram por realimentar a espiral inflacionária.
A indústria brasileira era muito obsoleta, sua produção era em quantidade e qualidade inapropriada para a nossa população. Isto era causado por um governo que privava o Brasil de se utilizar da importação, tanto para suprir a demanda da população, o que poderia conter os preços, tanto para o industriário nacional, que necessitava de maquinário mais moderno para aumentar a sua produtividade.
Além destes problemas citados pela política de Sarney no plano cruzado, o governo decretou uma moratória do pagamento da dívida externa, ou seja, o famoso “devo não nego, pago quando puder!” Fato que atrapalhou ainda mais a frágil economia brasileira.
Todas as agruras apresentadas foram repetidas nos outros planos da era Sarney – Plano Bresser e Plano Verão – mas, sua herança foi a da inflação de 85% ao mês, em março de 1990, redução da participação no PIB dos anos 80 de 5% por parte da indústria e, uma tímida privatização de empresas estatais (as maiores vendas da época foram a Aracruz Celulose, Caraíba Metais e da SIBRA.

GOVERNO COLLOR

Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito por voto popular após a ditadura brasileira, em 1990. Sua plataforma de governo era controversa – “Caçador de Marajás” – se auto-intitulando como o SALVADOR DA PÁTRIA para combater a corrupção brasileira e a desigualdade social, seu projeto demagogo obteve a maioria do eleitorado nacional.
Os resultados foram bem distantes dos quais se propunham, tanto que no segundo dia de mandato ele decretou o confisco dos depósitos bancários superiores aos cinqüenta mil cruzeiros (o correspondente a R$ 5.700,00 no valor atual); para tanto, o dinheiro seria liberado em parcelas mensais nos próximos dezoito meses. O objetivo desta ordem impopular era debelar o combustível da inflação, o excesso de liquidez já citado anteriormente, gerando uma queda de inflação para 14% ao mês em abril de 1990.
A liberação antecipada só se daria em virtude de casos de doença ou, fato que gerou muita controvérsia, para pagamento de funcionários de empresas, abrindo uma lacuna muito forte para a liberação através de políticos ligados diretamente ao Ministério da Fazenda, gerando apadrinhamento e corrupção. A espiral inflacionária estava de volta em um ano, além disto, o resultado destas negociatas constantes no governo Collor foi o seu impeachment no fim de 1992.
O governo Collor não deve ser lembrado apenas pela corrupção e pelo fracasso socioeconômico. Apesar de uma tímida abertura da economia por parte da privatização de estatais, dezoito no total, com destaque para a USIMINAS e EMBRAER, por parte do estímulo à importação a abertura da economia foi mais ampla, pois, o governo nacional impulsionou a modernização da indústria brasileira e o controle indireto da inflação, já que os produtos que entravam no nosso mercado eram de qualidade superior e a preços competitivos, inclusive o novo maquinário para a indústria nacional.
Ademais, no governo Collor, também abarcou a abertura da economia a partir da quebra de monopólios – telecomunicações, estradas e petróleo – do Estado. Em alguns casos a experiência não apresentou resultado imediato, mas, no médio e longo prazo ofereceu melhores serviços a população, pelo menos em quantidade.
As heranças questionáveis do rápido do governo Collor foram uma inflação sem controle, queda no PIB nacional e um aumento no desemprego estrutural.

GOVERNOS FHC e LULA
PLANO REAL

O plano Real foi o primeiro plano que não abarcava políticas de curto e médio prazo, mas, também de abrangência maior ao longo do tempo. No curto prazo a abrangência ficava por conta da criação da URV (Unidade Real de Valor), que significaria a intermediação da cotação do dólar em cruzeiro de maneira diária. No médio prazo, para financiar uma poupança interna, o governo elevou as taxa SELIC para atrair capital estrangeiro especulativo e, no longo prazo, finalmente, viriam as reformas administrativas, que tornariam o Brasil um país atraente para o capital produtivo.
A população brasileira voltou a ver o seu poder aquisitivo a crescer, cerca de 28% no primeiro mandato de FHC, baseado no severo controle da inflação, que sempre transferia o poder do dinheiro das classes mais pobres para as mais abastadas. Todavia, o governo FHC não conseguira aprovar as reformas prometidas, além do que do que o câmbio real-dólar mantivera-se demasiadamente sobre o controle do governo, associados à uma crise internacional, geraram já em 1998 perdas na economia. Para controlar a crise o governo desvalorizou a moeda, aumentou ainda mais as taxas de juros (44% em média) e recorreu ao FMI para obter empréstimos. A conseqüência disto tudo foi um segundo mandato de recessão econômica, aumento do desemprego devido ao crédito dificultado e programas sociais ineficientes.
Com este panorama Lula assume o governo em 2002, mantendo o compromisso de combate à inflação e de responsabilidade fiscal, inclusive mantendo austeridade financeira com juros altos, todavia com uma tendência posterior de queda. O grande diferencial no Plano Real de Lula foi a independência do Brasil no quesito financeiro, fato que tornou o Brasil atrativo para o capital externo, mesmo com decrescentes taxas de juros, pois o risco de calote passara a ser menor. O Brasil torna-se um credor e não mais um devedor do FMI. Além disto, a transferência de renda, a ampliação do crédito interno e recuperação salarial aumentaram em muito o poder aquisitivo da nova classe média, os chamados classe C. Fato que lançou o Brasil à posição de 6ª potência mundial.